Todas as histórias apresentadas aqui são reais, foram gravadas ANTES da pandemia e de autoria dos próprios protagonistas.
“Eu o convidei para ficar em nossa casa, pois ele só carregaria na segunda-feira. O Eduardo passou o final de semana com a nossa família e foram dias muito especiais. Fomos a praia, fizemos churrasco e ele ainda desenhou o meu caminhão na parede da garagem, como eu queria há muito tempo. Além de um grande ser humano e um bom caminhoneiro, conheci um artista.”
O baiano Auri Melo, é alegre por natureza e tem a comunicação como um dom natural. Onde passa com o seu caminhão, procura conhecer novas pessoas, fazer amizades e ajudar quando é possível. Quando conheceu Eduardo, colega caminhoneiro de Santa Catarina que passava por sua cidade, a amizade surgiu facilmente.
O amor pela profissão é como óleo diesel no sangue.
Como você conheceu o Eduardo?
Era uma sexta-feira, eu estava na auto elétrica em Caraguatatuba e ele chegou. Estava tomando chimarrão e eu pedi para experimentar. Com muita gentileza ele se ofereceu para preparar um para mim. Ficamos conversando. Ele só ia carregar na segunda. Então, eu o convidei para ficar em minha casa. Ele aceitou, com receio de que poderia dar trabalho. Mas, a gente sabia que não seria trabalho nenhum.
Você sempre faz amigos em suas viagens?
Eu gosto de fazer amizades, é de mim. Algumas vezes, quando estou andando na pista e vejo andarilhos, o coração parece que fala para mim: “Auri, para! Dá um café para ele”. Eu convido para tomar um café, ás vezes eles ficam sem jeito. Mas, eu tenho o prazer de abrir a cozinha do caminhão e preparar aquele banquete.
Você costuma ter o caminhão preparado para essas situações?
No meu caminhão tem tudo, pia, banheiro, chuveiro, geladeira, tem até engenho de cana no motor, fritadeira sem gordura, liquidificador. Aí, eu vou e faço. Eu só não gravo porque acho que essas coisas não precisam ser compartilhadas.
Você acha que a profissão de caminhoneiro facilita novas amizades?
Você tem oportunidades de conhecer mais pessoas, mas isso tem que estar dentro de você. Ser comunicativo é uma coisa minha, eu nunca tive dificuldade em dar atenção, um sorriso ou uma conversa. Mas, o amor pela profissão vem de outra fonte, é óleo diesel no sangue, como dizem.
Você lembra quando foi que o interesse pela estrada começou?
Eu era bem jovem, via passando as carretas e sentia algo muito bom. Sentia algo diferente mesmo no coração. Uma vez, vi uma frase do lameiro de uma carreta que dizia: “Não desista dos seus sonhos”. Aquilo me marcou, ficou na minha cabeça e me inspirou.
Você tem alguma frase em seu caminhão?
Ainda não, estou pensando em algo especial para fazer. Mas será nesse sentido, de incentivo, de pensamento positivo.